Os 50 anos da Revolução dos Cravos foram o mote para a organização da 19.ª edição da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde, que este ano destaca o papel da mulher. De 1 e 13 de dezembro a iniciativa vai reunir no concurso gastronómico oito restaurantes locais, mais um do que na edição anterior.
Para o executivo é “um orgulho” estar ligado a dezanove anos de semana gastronómica, sobretudo, “num ano especial”, afirmou Júlio Morais, na apresentação do evento, que decorreu na segunda-feira, 25 de novembro, no Glicínia Boutique Hotel, em Freamunde.
No ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, a Câmara Municipal realizou, durante o ano, diversas iniciativas, para “assinalar um marco tão importante na sociedade” e não quis, por isso, “desassociar o capão das comemorações”. Nesse sentido, este ano, “de forma simbólica”, a organização decidiu convidar apenas mulheres para embaixadoras da 19.ª edição da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde. “Com o 25 de Abril, as mulheres começaram a ter voz, ganharam direitos e liberdades. Foram grandes lutadoras e, acima de tudo, foram conquistando muitos direitos. Sabendo nós desses direitos, que foram adquiridos há 50 anos, quisemos associar essa mudança a este prato tão importante da nossa gastronomia e comunidade e convidar apenas embaixadoras mulheres para continuar esta liberdade”, explicou o vereador da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.
As seis embaixadoras convidadas são de vários pontos do país, mas têm em comum o requisito ‘obrigatório’, “estar associadas ao mundo da restauração, como empresárias e chefes de cozinha”, acrescentou. Na apresentação, Margarida Neves (proprietária do restaurante Vidal) recebeu uma distinção como Embaixadora do Capão à Freamunde.
Doze dias de promoção da economia local
No decorrer da Semana Gastronómica, os mais curiosos poderão degustar o ex-líbris de Freamunde – o capão – em oito restaurantes de Paços de Ferreira. Serão 12 dias de “promoção da economia local e de divulgação do produto”, garante Júlio Morais, acrescentando ainda que se trata “de uma promoção dos restaurantes, da atividade económica, da terra”, numa iniciativa que “atrai muitos forasteiros de fora. Sem dúvida alguma que isto é uma grande alavanca da economia local, porque estamos a falar de receitas altas na restauração, mas tudo o que envolve esta semana gastronómica”, afirmou.
Para além deste restaurantes (Aidê, A Presa, Areia, Garrafeira Monte do Campelo, O Tarasco, São Domingos, Parrilhada e Raro), existem “muitos outros que não entram na Semana Gastronómica, mas que recomendamos”, acrescentou Júlio Morais.
Dois novos criadores juntam-se à tradição
A 19.ª edição da iniciativa conta com dois novos criadores, um “sinal de de que os jovens vêm o capão como um negócio e com outros olhos. Nos últimos anos começou a ganhar outra proporção, o capão começou a ser procurado, a ser divulgado, e as pessoas, principalmente ligadas à gastronomia, começaram a valorizá-lo. Esta procura faz com que os próprios criadores olhem para isto não só apenas como uma tradição, mas como um negócio que pode ser sustentável todo o ano”, referiu o autarca.
Por sua vez, Arménio Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, assegurou que tem sido feito um trabalho no sentido de “preservar a receita” e de garantir que o capão se mantenha como ex-libris da cidade, destacando a importância do investimento e de atrair “mais jovens que acreditam nas potencialidades do capão. Temos de chamar os jovens para o trabalho duro da terra, criar os capões não é fácil. É um percurso que tem vindo a ser trabalhado pela Associação de Criadores de Capão e muito bem. Temos desbravado o caminho e procurado novos criadores”, sublinhou.
Uma das responsabilidades da junta da freguesia é “garantir que o ex-libris de Freamunde se mantenha e se perpetue por muitos anos. Fica o convite para que venham à feira e assistir ao concurso do Melhor Capão Vivo“, convidou Arménio Ribeiro.
Joana Monteiro, presidente da Associação de Criadores de Capão de Freamunde, referiu que a associação conta com sete criadores certificados, mais dois do que o ano passado, e destacou a importância da economia circular, consequência da criação do capão. “Ajuda o criador, na limpeza dos terrenos, na compra da ração, dos restos da panificação. A economia mantém-se aqui, é circular e termos gente nova a querer criar e a manter-se ligado às raízes”, referiu.
Democratização da gastronomia
Com o objetivo de promover a democratização gastronómica, o município convidou os munícipes para assistir à confeção da tradicional receita do Capão à Freamunde, no showcooking em que a chefe Isabel Pires de Paula, explicou, detalhadamente, o modo de preparo da receita.
Na apresentação, Isabel pires de Paula agradeceu o convite que aceitou com “todo o coração. O capão é um produto maravilhoso. Quem não conhece fica apaixonado. Não tenho dúvidas de que este evento é bem pensado”.
Organizado pela Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Freamunde, o evento conta com o apoio da Associação de Criadores de Capão de Freamunde, que garante a qualidade do produto, e da AJAF – Associação Juvenil Ao Futuro, responsável pela realização do concurso de Melhor Capão.
O evento termina com uma gala, que decorre no dia 12 de dezembro, na qual será conhecido o vencedor do prémio Capão à Freamunde.
No dia 13 de dezembro, decorrerá a Feira de Santa Luzia, onde é também atribuído o prémio ao Melhor Capão Vivo.